quinta-feira, 10 de junho de 2010

Juazeiro do Norte-CE: Delegado diz que agressores de jornalista são GMs da segurança pessoal do prefeito

Por Demontier Tenório

Há exatos 20 dias após as agressões praticadas contra o diretor do Jornal Sem Nome, Gilvan Luiz, o Delegado Regional de Polícia Civil de Juazeiro do Norte, Levi Gonçalves Leal, quebrou o silêncio e anunciou nomes de envolvidos. Ele foi muito conciso ao apontar os Guardas Municipais Regilânio Pajeu dos Santos e Cícero Segundo Sampaio como autores dos espancamentos. Além desses dois, o delegado adiantou sobre o indiciamento de Admilton Alves Vieira, dono do carro usado no crime.

Os dois GMs, segundo Levi Gonçalves, fazem parte da segurança pessoal do prefeito Manoel Santana. Todavia, ele disse não ter nenhum elemento, criminalmente falando, em desfavor do prefeito e sabe apenas que são próximos dele. "Não posso ser responsável criminalmente por aquilo que meus filhos fazem", acrescentou. Quando tomou o depoimento de Santana, o delegado disse ter citado os GMs e o prefeito respondeu que não saberia ligar o nome à pessoa.
A autoridade policial revelou ter o nome de um suspeito da autoria intelectual citando apenas ser o mesmo de Juazeiro e a existência de um elemento apontando que essa pessoa tenha mandado. Outros dois nomes que estão investigando são suspeitos da autoria material por acreditar que não foram apenas os dois GMs. O delegado acha que havia um motorista e observa que tanto a vítima quanto o porteiro do CEJA de onde Gilvan foi levado, citam três pessoas.

Na opinião dele o crime não foi bem planejado e envolveu muita gente direta e indiretamente. "Todas foram ou estão sendo ouvidas e os fatos checados. Só se pode fazer algo com averiguações e investigações sérias", declarou acrescentando que o Inquérito Policial já conta com 208 páginas resultantes do depoimento de 31 pessoas devendo chegar a 50 oitivas, conforme estima.

O ponto de partida para as investigações foi o veículo Corolla de cor branca e placas HWJ-8602, inscrição de Porteiras, estando em nome de Marcos Pinheiro dos Santos, que foi abandonado. Ainda na noite do dia 20 de maio, quando Gilvan Luiz foi espancado, a polícia ligou para Porteiras e soube de Marcos que teria vendido para Admilton Alves em Jardim. Militares do destacamento daquela cidade foram contatados afirmando sobre uma queixa de furto registrada meia hora atrás.

De onde foi abandonado, na Rua Mocinha Sobreira Dias, perto da Coelce, o veículo foi levado para a Delegacia de Juazeiro aonde o seu proprietário compareceu por volta das 23 horas confirmando a tese de roubo. Indagado pelas chaves, disse que estavam em sua residência. A polícia já desconfiava, também, do fato de um veículo roubado ter sido abandonado travado o que, segundo o delegado Levi Gonçalves, dificilmente alguém em fuga faria.

Ele esclareceu, na entrevista coletiva que concedeu à Imprensa na tarde desta quarta-feira, que o Corola saiu de Jardim por volta das 17 horas segundo mostra uma das câmaras do circuito interno da cidade. Segundo disse, dirigido pelo GM de Juazeiro, Regilânio Pajeú, que mora em Jardim. As chaves só foram entregues ao delegado no dia seguinte e o mesmo foi aberto pela perícia na presença de várias pessoas. Ali foi encontrada uma bolsa de alguém com pertences pessoais evidenciando que teria vindo apenas passar uma noite em Juazeiro de acordo com Levi Gonçalves.

Outro objeto encontrado deu grande contributo às investigações. Era o aparelho celular ali esquecido na hora da fuga e que, segundo descobriu o delegado, pertence ao GM, Cícero Segundo, que reside em Missão Velha. O bloqueio do chip no dia seguinte apenas dificultou, mas não atrapalhou as investigações. Na opinião de Levi, o abandono do carro não estava programado e só ocorreu por conta da eficiência da Polícia Militar e os agressores se viram obrigados a abandonar o veículo.

Foi quando supostamente ligaram para o dono do mesmo mandando prestar queixa de roubo o que a perícia descartou por não haver violações no automóvel. O delegado chamou a atenção ainda para o que considera contradições de Admilton nos seus álibis. "Agora, vamos juntar perícias e os laudos com as impressões digitais retiradas do interior do carro", explicou Levi acrescentando que os três indiciados negam envolvimento nas agressões contra o jornalista.

Na entrevista, o delegado disse mais que a se a justiça tivesse acatado o pedido de prisão temporária contra o dono do veículo, as coisas teriam avançado mais rapidamente. Ele confidenciou ainda que depende de uma medida judicial para chegar à autoria intelectual do crime. Levi Gonçalves reuniu a Imprensa na presença do diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Tales Franco, que deu apoio aos trabalhos, e disse que só voltará a falar sobre o caso no dia 20 de junho quando encaminhará o resultado do Inquérito Policial à justiça.

Foto: Cícero Valério

Fonte: Site Miséria

 

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