Nas ruas do Centro, cartazes e faixas anunciavam que os bancos estão em greve por tempo indeterminado
NA AGÊNCIA matriz da Caixa Econômica Federal, na Rua Sena Madureira, dois paredões - um de seguranças e outro de grevistas - se formaram e entraram em confronto (Foto: Thiago Gaspar)
No primeiro dia de greve dos bancários, a manhã de ontem foi de tensão no Centro de Fortaleza. Por volta das 10 horas, os grevistas entraram em conflito com seguranças, alguns armados, que impediam a entrada e a saída da agência matriz da Caixa Econômica Federal, na Rua Sena Madureira. Em meio ao tumulto, com banda de música, discursos, bandeiras e cartazes, manifestantes e seguranças realizaram um verdadeiro "empurra-empurra" na entrada.
"A Caixa assume uma postura truculenta em não garantir o acesso dos bancários à agência e nem saída de quem queira aderir ao movimento. Se não estamos impedindo que ninguém entre, por que eles estão nos impedindo? O nosso movimento é pacífico. Vamos acionar a Polícia porque essa atitude é contra o movimento sindical", desabafa o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.
Por meio da assessoria de imprensa, a Caixa Econômica informou que, como em todos os dias nas agências, há seguranças armados dentro delas. Porém, acrescentou, quando há um movimento paredista, existe o reforço de seguranças desarmados para "garantir que o funcionário que quiser entrar na agência para trabalhar não seja impedido". Como frisou, entretanto, "a orientação da Caixa é que não haja confronto com manifestantes". Além disso, o reforço na segurança é, inclusive, para impedir a ação de vândalos, já que as agências ficam com menos movimento.
"Em nenhum momento é para inibir o movimento. A informação que temos é que o confronto foi porque um grupo quis entrar na agência para colocar um faixa que impediria a entrada. E a recomendação é evitar qualquer obstáculo", diz.
Movimentação
O tumulto em frente à agência da Caixa Econômica serviu para completar o cenário de greve visto por todo o Centro. Nas ruas Floriano Peixoto, Barão do Rio Branco, Pedro Pereira, Major Facundo e na Av. Duque de Caxias, agências da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do Bradesco e do Itaú estavam com cartazes e faixas fixadas informando: "Estamos em greve".
No fim da tarde, o sindicato da categoria fez assembléia geral na sede da entidade, que aprovou a continuidade do movimento, bem como a participação dos bancários em caminhada programada pelos grevistas dos Correios para hoje, às 17 horas na Praça do Ferreira.
Presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra fez questão de anunciar que "nossa greve, nacionalmente, começa forte". Explicou que a base do Sindicato está presente 171 dos 184 municípios cearenses. "Temos 7.292 bancários e hoje (ontem) pararam 4.243, o que representa 58,18% da categoria", lembrou.
Existem no Estado 415 agências bancárias e, conforme o sindicato, pararam 54,46%. No fim do dia, o presidente do sindicato garantiu que 70,91% dos bancários do Banco do Brasil pararam, 94,59% da CEF e 43,01% do BNB. Já nos privados, a adesão foi de: Itaú, 24,58%; Santander, 80%; Unibanco, 26,19%; HSBS, 96,25%; Bradesco, 80%.
EMPRESÁRIOS
Proposta será apresentada hoje
"O mais difícil nós já conseguimos, fazer uma campanha salarial em todo o País". No fim da manhã de ontem, essa era a avaliação do presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra. Afinal, nacionalmente, 108 sindicatos começaram a greve ontem.
No Estado, segundo Bezerra, são sete mil bancários. Ao todo, 460 agências, sendo 126 na Capital. Neste ano, de acordo com o presidente, os bancários pedem reajuste de 10% no salário, e os bancos oferecem 4,5%.
Outras reivindicações são: participação nos lucros e resultados das empresas; valorização dos pisos salariais; preservação dos empregos; mais contratos e aumento nos auxílios creche, babá, refeição, segurança e previdência complementar.
Carlos Eduardo também comentou que 90% das operações bancárias são feitas de forma eletrônica e, durante a greve, os serviços de compensação e caixa eletrônico continuam garantidos. Tanto que, como afirmou o diretor e assessor jurídico da Associação de Bancos do Estado do Ceará (Abance), Lúcio Paiva, "os empresários não estão sendo prejudicados, pois a maioria das operações são feitas pelo sistema eletrônico".
Como antecipou Paiva, os empresários estão elaborando uma proposta para apresentar aos grevistas. De acordo com ele, a previsão é que isso acontecesse ontem à tarde ou hoje.
JANINE MAIA REPÓRTER
Fonte: DN
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