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Na última quarta-feira(02/09), foi um dia de intensa movimentação na 20ª Delegacia Regional de Polícia Civil (DRPC) de Juazeiro do Norte. A todo instante chegavam pessoas se dizendo lesadas por uma mulher que se propunha a intermediar financiamentos junto a Caixa Econômica Federal para a compra da casa própria. Somente ontem, ali estiveram cerca de 30 candidatos a obter um imóvel. O delegado Marcos Antonio dos Santos estima que o golpe possa chegar a R$ 300 mil.
A professora Maria Elma Macedo de Oliveira, de 52 anos, segundo a polícia, era o pivô dos entendimentos e fazia as transações por meio de uma imobiliária em nome do radialista Jota Fernandes, que funciona no cruzamento das avenidas Carlos cruz e Ailton Gomes. Elma reside na Rua Santa Rosa, 75 (Bairro Salgadinho) e está desaparecida desde que as cobranças e a pressão sobre a mesma se intensificaram. Com a divulgação pela imprensa de que tudo poderia ser um golpe, muitos foram à delegacia.
Para estes, o sonho da casa própria não passou de um pesadelo. Tudo consistia na promessa de viabilizar a carta de crédito, conseguir o imóvel e regularizá-lo. Prá começo de conversa, a professora aposentada cobrava dos seus "clientes" R$ 5,5 mil afirmando que ficaria apenas com R$ 500,00. O restante seria gasto com o processo de organização na papelada do imóvel e do futuro proprietário junto a órgãos como INSS, CREA, Receita Federal e Prefeitura Municipal.
No curso da estória, outras "despesas" iam surgindo e a mulher mantinha contato com os clientes para pedir mais dinheiro. No afã de ter sua casa própria, muitos até pediam dinheiro emprestado. Cicélia Bezerra Cardoso, por exemplo, chegou a repassar para a professora R$ 39 mil. Os irmãos comerciantes Neilton e Nielton José Xavier, de 30 e 32 anos, respectivamente, também sonhavam em ter seus imóveis com 100% financiado pela Caixa Econômica como a mulher prometia.
"ENGENHEIROS" - A prima deles e estudante Maria Jaqueline Pereira Xavier, de 23 anos, também caiu no conto da casa própria que queria para morar com o seu marido com quem está casada há um ano. No primeiro contato, segundo revelou, foram R$ 5,5 mil. Trinta dias após, a "corretora" alegou problemas para concluir o processo e pediu mais dinheiro o que voltou a fazer dois meses após até completar R$ 16 mil. Jaqueline conta que, às vezes, Elma se apresentava com homens dizendo serem engenheiros da Caixa Econômica.
Nem Jesus escapou das artimanhas da professora que nada apresentava na CEF. Jesus Alves dos Santos passou 19 anos trabalhando em São Paulo para reunir a grana da casa própria. Da primeira lapada, deu R$ 5,5 mil à mulher e, até hoje, não entrou no imóvel e nem teve o seu dinheiro de volta. É que Elma sempre afirmava que se nada desse certo devolvia o dinheiro. Esta semana, ela esteve na delegacia quando chegaram as primeiras denúncias.
No caso do livreiro Geraldo Júnior, de 32 anos, a professora entrou em acordo prometendo que lhe devolveria os R$ 10 mil em dois cheques. O primeiro cheque para terça-feira não teve fundos quando Geraldo procurou a polícia. A desconfiança aumentou ao saber que a mesma já tinha passagem na 20ª DRPC por crime de estelionato. Marcos Antonio não descarta a possibilidade de muitas outras vítimas lesadas a parecerem hoje na delegacia.
Fonte: Miséria
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