terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mãe desiste de doar crianças gêmeas

Edilene Caetano Alves se arrependeu de doar as duas filhas gêmeas para um casal do Rio Grande do Sul (Foto: Wilson Gomes)

A vontade da dona de casa Edilene Caetano Alves, 24 anos, de doar as filhas gêmeas recém-nascidas na Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, despertou numa das enfermeiras deste hospital, que acompanhava o parto, o desejo de procurar um casal para adoção dos bebês.

O caso aconteceu na última semana e chegou a envolver o Ministério Público, Conselho Tutelar e a Polícia Civil da cidade. Segundo o depoimento da mãe, quando soube que os bebês que ela estaria gerando eram do sexo feminino e temendo o futuro em não poder dar-lhes uma condição digna de vida, demonstrou interesse em doá-las, mesmo sem consultar a família. "Moro com minha irmã e com duas sobrinhas e as despesas para o sustento de todos é de responsabilidade da minha mãe, Expedita Alves, que vive apenas com o salário de uma pensão que recebe", disse ela.

No último dia 28, quando deixou a cidade de Varjota, onde mora, distante 70km de Sobral, teria se hospedado na casa da médica que estava providenciando a adoção, Dirce Ziegler. No dia seguinte foi encaminhada para a Santa Casa de Sobral, onde entrou em trabalho de parto. As crianças nasceram de um parto cesariano e com saúde perfeita por volta das 19h da terça-feira. A partir daí, iniciou-se um processo para que as crianças fossem doadas. Um casal interessado na adoção veio do Estado do Rio Grande Sul e, na Santa Casa, teve o primeiro contato com a mãe das crianças.

Edilene afirma que o casal teria procurado o Conselho Tutelar e em seguida a Promotoria Pública para dar entrada no processo de adoção. De acordo com a promotora Rosina Lúcia Frota Aragão, da 3ª Vara Cível, na manhã da sexta-feira última, a mãe das recém-nascidas compareceu ao Fórum Dr. José Sabóia para prestar um Termo de Declaração de Doação. "Apesar da mãe ter assinado o termo, isso não impediria dela desistir da doação, podendo fazer isso a qualquer momento antes da conclusão do processo de adoção", explicou a representante do MP, acrescentando que o casal que ficou com as crianças estaria correndo um risco grande, pois teria que aguardar a decisão da Justiça sobre a adoção. A promotora Rosina Aragão tem alertado as pessoas, principalmente da área médica, a não intervir em um processo como esse. "Isso é um caso complicado porque o casal escolhido pela médica deve estar constrangido por não ter levado as crianças", comentou.

Reencontro das filhas

O arrependimento da perda das filhas veio muito rápido e, ao chegar na cidade de Varjota, Edilene Alves pediu apoio da família para buscar suas filhas. Com ajuda da Polícia de Sobral, as gêmeas foram encontradas. "O nosso papel nesse caso foi apenas de acompanhar a saída da mãe da Santa Casa de Sobral. Após isso encaminhamos o casal até o Fórum para que a guarda das crianças tivesse efeito legal", disse Raimundo Edson, do Conselho Tutelar.

"Resolvi ajudar Edilene Alves porque vi nela o sofrimento em ter ficado sem as filhas", disse a professora Eliane da Silva Sousa, que acionou a Polícia para tentar localizar o casal e posteriormente as recém-nascidas.

A médica que teria agilizado o processo de adoção não foi localizado pela reportagem. Na Clínica onde a profissional trabalha, uma recepcionista informou que ela estaria participando de um congresso na região Sudeste do País.

Mais informações
Conselho Tutelar de Sobral
Avenida Idelfonso Cavalcante
Prédio do antigo Fórum
0800 286 1397/ (88) 3611.2332

Diario do Nordeste - Reporter Winson Gomes

Fonte:SPN

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