sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ceará poderá ter base para lançar foguetes

Ministério da Ciência e Tecnologia pleiteia área litorânea de três mil hectares em condições para instalação do projeto.

O governo do Estado se depara com novo desafio: assegurar uma área litorânea de três mil hectares livres e com condições apropriadas para instalação de uma base espacial para lançamento de foguetes. O terreno foi pleiteado pelo Ministério das Ciência e Tecnologia (MCT), no fim de 2008, para uma possível instalação do Complexo Espacial Brasileiro (CEB), que se encontra comprometido por problemas financeiros, e, sobretudo, pela falta de terras próximas ao Centro de Lançamento de Foguetes de Alcântara, no Maranhão.

A questão ganha força a partir de matéria veiculada ontem no jornal Valor Econômico, que afirma que parte do Programa Espacial Brasileiro, antes concentrado em Alcântara, será transferido para o litoral do Ceará, em região nas proximidades do Porto do Pecém.

A oportunidade se abre, a partir de decisão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de decretar como área Quilombola, 78 mil hectares dos 114 mil que, atualmente, constituem a península de Alcântara. ´Um terreno de três mil hectares foi pleiteado pelo MCT, no fim do ano passado, mas ainda não há definição quanto a sua localização´, confirmou ontem, o governo estadual.

No âmbito do Executivo, a exceção do governador Cid Gomes, poucos sabem ou falam sobre o assunto. ´A única certeza é de que não será no Pecém, porque o Complexo Industrial já está destinado para a instalação da siderúrgica, da refinaria, da Zona de Processamento das Exportações (ZPE) e de termelétricas´, assegurou fonte do gabinete do governador. Outro motivo seria a disputa pela propriedade de terras no Pecém, em São Gonçalo do Amarante, entre os índios anacés e o governo do Estado — o que estaria dificultando a instalação da refinaria, na área.

Análise comparativa

Entretanto, a região litorânea do Pecém é considerada privilegiada, pela localização estratégica para o lançamento de foguetes com satélites: o Pecém está a 3,2 graus em relação à linha do Equador, enquanto a base de Alcântara está a 2,2 graus.

A proximidade com a linha do Equador representa vantagem financeira. Cada lançamento realizado da base de Alcântara significa redução de até 30% nas despesas de lançamento, em relação aos gastos gerados em qualquer outra base instalada no mundo.

"A economia em um lançamento em Alcântara chega a US$ 5 milhões", informa uma fonte da Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia Federal que desenvolve o Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae).

Outras vantagens do Pecém seriam a proximidade com a Capital, Fortaleza, a estrutura portuária e a redução de risco de queda de destroços.

A mesma fonte ressalta no entanto, que os estudos para criação de outros sítios de lançamentos de foguetes, além do de Alcântara e da Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, estão apenas no início. Ela lembra ainda, que além da posição geográfica, outros fatores como disponibilidade de infra-estrutura, segurança etc, também precisam ser estudados para a definição da localização de uma base espacial. Pressões políticas e o quanto de incentivos fiscais ofertados também tendem a influenciar em decisões dessa magnitude.

"Se o Ministério da Justiça mantiver a decisão (do Incra, em favor dos Quilombolas), a expansão do programa espacial estará comprometida", confirma fonte da Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional formada pelo Brasil e Ucrânia, para desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS). Ele também confirma a existência de estudos para instalação de novas bases, mas garante que a ACS manterá suas instalações em Alcântara, de onde será lançado o foguete ucraniano Cyclone 4. O conflito com os Quilombolas será tema de reunião, do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, do presidente da ACS, Roberto Amaral , com o presidente Lula, na próxima quarta, segundo o jornal Valor Econômico.

Fonte: Diário do Nordeste

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