sexta-feira, 17 de julho de 2009

CRIME INVESTIGADO - Promessa de casa virou golpe

Famílias de baixa renda foram lesadas ao entregar dinheiro a uma mulher que prometia imóveis do Habitafor

Prejuízo financeiro: Maria do Socorro é uma das vítimas do golpe. Ontem, registrou queixa na Polícia (Foto: Kid Júnior)

Mais de 50 pessoas já procuraram a Polícia, nos últimos 15 dias, depois de terem sido lesadas em um golpe que está ganhando grandes proporções. As vítimas - todas pessoas de baixa renda e residentes na periferia de Fortaleza - perderam dinheiro em valores que variam de R$180,00 a R$ 5 mil, enganadas com a promessa de receberem rapidamente uma casa do programa de construção de imóveis populares gerenciado pela Habitafor (Fundação de Habitação da Prefeitura de Fortaleza).

Maria Solange Santos do Nascimento, servente, 45, foi uma dessas pessoas. Ela juntou R$ 2,5 mil na poupança durante mais de dois anos de trabalho. Em fevereiro último, entregou todo o dinheiro nas mãos de uma mulher chamada Goretti Damasceno, que se apresentava como presidente de uma organização não governamental denominada Núcleo de Assistência Social dos Moradores do Parque São José.

A promessa de receber um apartamento no condomínio Dom Hélder Câmara, na Avenida Francisco Sá, no bairro Carlito Pamplona (Zona Oeste de Fortaleza), fez Solange se tornar vítima do golpe. Seguindo a orientação de Goretti, a servente preencheu uma suposta inscrição esperando receber uma senha e, posteriormente, a chave do imóvel.

“Ela fez três saques na caderneta de poupança, nos valores de R$ 1 mil e R$ 500,00, entregou o dinheiro e cópias dos documentos pessoais e somente agora, em julho, se deu conta de que havia sido vítima de um golpe´, contou o delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF). O caso está sendo apurado na DDF e no 7ºDP (Pirambu). Na delegacia distrital, mais de 50 Boletins de Ocorrência (B.Os.) já foram registrados. De uma única família, são 14 vítimas. Cada uma entregou a quantia de R$ 1,5 mil pela casa e ninguém recebeu o imóvel.

Entre os B.Os. há casos como o de Maria do Socorro Rodrigues, 33, desempregada. Ela estava, ontem pela manhã, no 7ºDP. “Em abril do ano passado fiz a inscrição depois que me disseram que naquela associação estavam facilitando a compra das casas. Paguei R$ 180,00 pela inscrição e fiquei quitando pequenas taxas depois, até perceber que estava sendo enganada”, relatou.

Já A.M.M., 23, desembolsou R$ 400,00 no ato da inscrição. Participou de reuniões, ouviu na associação que a sua casa seria entregue até o último dia 15. “Quando fui procurar Goretti Damasceno ela já tinha sumido”, contou à Polícia.

Os documentos eram preenchidos na própria associação. “Até reconheci firma da declaração que me deram”, mostrou. N.R.S., 30, pagou R$ 3 mil.

´Fátima´ (nome fictício), costureira, de 27 anos, está passando por uma crise nervosa por causa do problema. “Saí do emprego por problemas de saúde. Peguei o dinheiro que recebi, que era para me tratar, e usei no pagamento da casa. Entreguei dois mil reais nas mãos dessas pessoas que nos enganaram. E agora?”, questionou.

Empréstimo

Segundo o delegado Barbosa Filho, titular do 7ºDP, muitas vítimas chegam chorando à delegacia. “Tem gente que saiu do trabalho fazendo acordo para usar o dinheiro, tem casos de pessoas que pediram empréstimos a agiotas e agora não sabem como pagar”, disse o delegado.

N.M.A.T., 37, e J.R., 30; pagaram R$ 2,5 mil. “Fomos orientadas a dizer que éramos sócias do núcleo há oito anos, que nunca tínhamos fornecido qualquer documento e, que participávamos de todas as reuniões, caso fôssemos procuradas por alguém da Habitafor”, revelaram na Polícia.

Fonte: NATHÁLIA LOBO Repórter Diário do Nordeste

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