terça-feira, 18 de agosto de 2009

145 casos e 9 mortes por leptospirose no CE

Estragos das chuvas ainda não pararam. Mas, a partir de agora, números da leptospirose tendem a diminuir.

A leptospirose já provocou, este ano, a morte de nove pessoas no Ceará, cinco delas somente em Fortaleza. A letalidade da doença é de 6,2%. Até julho, foram confirmados 145 casos de leptospirose em 34 municípios do Estado, são 66 a mais do que os 79 registrados em todo o ano de 2008, conforme boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado na última sexta-feira.

O número de casos confirmados de leptospirose este ano no Estado é 83,54% superior ao total do ano anterior. Das 145 infectadas, a maioria se concentra em apenas três municípios: 33 pessoas residem em Fortaleza, 22 em Várzea Alegre e 21 em Pacoti. Maio foi o mês de maior incidência de leptospirose, com 56 ocorrências confirmadas, seguido por junho, com 42 pessoas com diagnóstico positivo.

De acordo com o boletim da Sesa, 37% das pessoas que contraíram leptospirose no Ceará são trabalhadores ligados à agricultura e à pecuária, 14,8% estudantes e 11,1% donas de casa. Em 41,36%, o quadro são de pessoas na faixa etária de 20 a 34 anos de idade. Já os jovens entre 15 e 19 anos respondem por 17,52% dos casos e as pessoas com idade entre 35 e 49 anos, representam 16,30% do total das confirmações.

Água contaminada

A leptospirose geralmente é transmitida pela urina do rato ou, indiretamente, pela exposição à água e solos contaminados, conforme explica o diretor do Hospital São José, infectologista Anastácio Queiroz. Segundo ele, o hospital está com dois pacientes internados vítimas da doença, e um deles está fazendo, inclusive, hemodiálise. “Nos casos graves, o paciente fica com insuficiência renal aguda”, explica Anastácio Queiroz.

O diretor do Hospital São José disse que a leptospirose é uma doença infecciosa febril, causada por uma leptospira da família leptospiraceae. A doença tem tratamento, mas pode evoluir para um quadro grave se não for diagnosticada corretamente. “O diagnóstico não é muito claro se não for feito o histórico detalhado, pois os sintomas são parecidos com os de outras doenças”, explica Anastácio Queiroz.

Os principais sintomas da leptospirose são febre, dor de cabeça, fraqueza e dores no corpo, com destaque para panturrilha e calafrios. “Todo paciente com dor muscular, o médico deve suspeitar de leptospirose”, recomenda o infectologista, lembrando que as dores são tão fortes que o paciente não consegue andar.

O tratamento da leptospirose, segundo Anastácio Queiroz, é feito com antibióticos e soro. Em casos muito sintomáticos, é preciso internação. Em média, os pacientes ficam internados no Hospital São José por um período de até dez dias, exceto se houver complicação.

Como a doença é contraída em contato com a água contaminada pela urina do rato, o infectologista aconselha as pessoas a evitarem andar de pés descalços. “Se usarem botas não tem problema. Não vão pegar leptospirose”, garante.

Em Fortaleza, no período das chuvas, os carros passam pelas poças d’água e acabam molhando as pessoas nas calçadas. “Se essa água estiver contaminada pela urina do rato, há risco de contrair a doença”, observa o infectologista.

Para o chefe da Célula de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Antônio Lima, a leptospirose é uma doença sazonal. A partir de julho, é pouco provável que aconteçam novos casos da doença. “Este ano, tivemos muitas áreas alagadas pelas enchentes, o que explica o aumento do número de casos, diferente da zona rural, que tem os casos associados às lavouras, principalmente às plantações de arroz”, avalia Antônio Lima.

Ele destaca que as ações da SMS de combate e prevenção à leptospirose na cidade de Fortaleza são realizadas durante o período das chuvas.

Fonte: DN / Suelem Caminha (Repórter)

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