terça-feira, 18 de agosto de 2009

Matadouro público é fechado

Condições de abate dos animais é motivo de preocupação pela população de Limoeiro do Norte. Sem higiene, o corte dos animais é feito junto à sujeira do local (Foto: Melquíades Júnior)

Decisão do Ministério Público acarretou no fechamento do matadouro de Limoeiro do Norte.

Limoeiro do Norte. O matadouro público deste município está fechado até segunda ordem. A medida foi tomada na última sexta-feira pelo Juiz da 2ª Vara da Comarca de Limoeiro, João Dantas Carvalho, que acatou decisão do Ministério Público após receber relatório do Conselho Regional de Medicina Veterinária concluindo que não há condições mínimas de funcionamento. A medida se deu quatro dias após o jornal Diário do Nordeste publicar uma reportagem especial sobre a situação precária em diversos matadouros do Estado. No de Limoeiro do Norte, foram encontradas várias irregularidades, em que os animais eram mortos com marretas e machados e a carne era cortada em chão sujo, misturado a sangue e fezes. A procuradoria do município pode recorrer da decisão a partir de hoje no Tribunal de Justiça do Estado.

Com a pistola no "prego" há mais de seis meses, o abate dos animais no matadouro de Limoeiro era realizado com machadadas (para porcos e caprinos) e marretadas (para bois). A reportagem do Caderno Regional, na última segunda-feira 10, registrou o sofrimento dos bichos antes de morrerem. A matéria denunciava as péssimas condições de higiene no abate em matadouros em várias regiões do Estado, como em Quixadá, onde foi constatado trabalho clandestino, e em alternativas de solução, como no Cariri, onde alguns abates são feitos em frigoríficos particulares.

Em Limoeiro do Norte, a população ficou preocupada com o grau de higiene da carne que consome, após a reportagem, repercutida nas rádios locais e, dias depois, também veiculada na TV Diário. De acordo com veterinários, o sofrimento prolongado que antecede a morte dos animais aumenta o potencial de contaminação da carne, pela liberação de toxinas no organismo, e a demora na retirada do sangue facilita a contaminação bacteriana.

O corte da carne, desde a retirada das vísceras, é realizado no chão sujo - com algumas exceções o corte é aéreo, em cabides. Dentre outras realidades constatadas, o desrespeito à carência de 18 a 24 horas para que os animais sejam abatidos - o abate é feito até menos de seis horas antes da chegada. A sujeira acumulada do serviço é "esgotada" em fossa, mas que escoa no Rio Jaguaribe, aumentando o índice de irregularidades constatadas e já reclamado por moradores do Bairro Antônio Holanda, onde está situado o matadouro público.

No lugar trabalham 52 servidores, e os vários que foram ouvidos pela reportagem confirmavam a falta de condições mínimas de higiene para o trato dos animais e para o trabalho dos próprios funcionários, que não dispõem de luvas para trabalhar. Somente naquela sexta-feira foram abatidos aproximadamente 105 bois e aproximada a mesma quantia de porcos e caprinos. O valor representa praticamente o mesmo de abate de animais de todo o resto da semana. Após a publicação da reportagem, repercutida em todo o Estado, o Conselho Regional de Medicina Veterinária se pronunciou, a pedido do Ministério Público, e a ação civil pública impetrada pela promotoria foi acatada pelo Juiz da 2ª Vara da Comarca de Limoeiro do Norte, João Dantas Carvalho.

O município, por meio de seu procurador João Batista, reconheceu o problema e argumentou que a situação do matadouro é de longas datas e não podia ser solucionado de imediato, afirmando, ainda, que o seu fechamento implicaria num grave prejuízo para os comerciantes de carne da cidade. Daí o pedido de negativa da liminar, não aceito pelo juiz, que decidiu pelo lacre do matadouro. O município poderá recorrer a partir de hoje da decisão no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). Enquanto isso, o matadouro público não deverá funcionar até segunda ordem.

Como alternativa, os comerciantes estão recorrendo aos municípios vizinhos a Limoeiro do Norte, como Quixeré, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte para realizar o abate do gado para a venda, mas alguns desses matadouros estão na mesma ou em pior situação que o de Limoeiro do Norte, necessitando também vistoria da Vigilância Sanitária e demais órgãos competentes.

Consórcio

Caros e pouco lucrativos, os matadouros não apresentam atrativos para o setor privado na cadeia produtiva da pecuária. De acordo com o prefeito de Limoeiro, João Dilmar, já existe a intenção de se instalar um frigorífico de abate que atenda a alguns municípios que, consorciados, manteriam o local dentro das normas de higiene. O matadouro público de Limoeiro do Norte há várias décadas passa pelos mesmos problemas.

Mais informações Matadouro Público de Limoeiro do Norte Bairro Antônio Holanda Acesso pela BR-116

Fonte: DN / Melquíades Júnior

**********************************************

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTE ESSA MATÉRIA