<<< Elzo Moreira: delegado comandou as investigações e solicitou exame que elucidou o crime
O sumiço misterioso de um detento no Município de Caucaia foi resolvido com testes de DNA nos restos mortais
Um detento é esfaqueado, enforcado e morto dentro de uma unidade prisional. Os outros oito presos, responsáveis pelo crime, ocultam o cadáver e esquartejam a vítima. Durante vários dias, pedaços do corpo são jogados na rede de esgoto da penitenciária, colocados no lixo em embalagens de marmita e até no telhado. Dois meses depois, uma testemunha confessa o crime e revela onde alguns ossos estão escondidos. O assassinato ´macabro´ é finalmente descoberto pela direção do presídio.
<<< Restos mortais de Ricardo foram encontrados no forro do telhado da CPPL de Caucaia e levados para a Pefoce
A história se assemelha a um enredo de filme ou seriado americano, mas ocorreu entre os meses de setembro e novembro de 2009, na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL), Desembargador Francisco Adalberto de Oliveira Barros Leal, no Município de Caucaia. O motivo de tamanha selvageria, segundo as investigações da Polícia, era dívida que a vítima, o detento Ricardo Rodrigues de Sousa, o ´Ricardo Pança´, 32, possuía dentro da prisão com outros presidiários.Sem solução<<< Ricardo Rodrigues de Sousa, 32
O caso permaneceu sem solução até o fim do mês de janeiro, pois o que a Polícia tinha eram alguns pedaços de ossos, sem a confirmação de que se tratavam dos restos mortais de Ricardo. Essa situação impedia o indiciamento dos culpados, pela falta da materialidade do crime, pois não havia cadáver, como explicou o delegado Elzo Moreira, titular do 23º DP (Nova Metrópole). Com o resultado do exame de DNA, veio a confirmação. Os ossos pertenciam a Ricardo.Oito presos envolvidos no assassinato foram indiciados por homicídio, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Segundo Moreira, o inquérito já foi concluído e enviado para a Justiça. De acordo com o titular do 23º DP, a morte demorou a ser descoberta pela direção da unidade porque outros presos respondiam à chamada realizada pelos agentes penitenciários.
Recolhido na CPPL de Caucaia, desde março do ano passado (por crimes de roubo e furto), Ricardo não recebia visitas de parentes. Na época da descoberta dos restos mortais do dentento, o diretor da unidade, Marcius Bonfim, afirmou que os ossos foram encontrados no forro do Pavilhão 3, após uma varredura em vários locais, após tomarem conhecimento do desaparecimento de um preso.
"Depois que tomamos ciência do fato, no dia 27 de setembro de 2009, pedimos a realização de perícia no local e instauramos inquérito policial para apurar se os ossos eram do preso sumido", explicou Elzo Moreira. Os restos mortais foram enviados para o Núcleo de DNA da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). "Eu levei a esposa do Ricardo e o filho dele até o laboratório, onde foram colhidas amostras, que confirmaram a suspeita inicial. Era realmente Ricardo, disse".
Pedaços
A testemunha chave, que também estava preso na mesma unidade (identidade preservada) foi ouvida pelo delegado e contou detalhes dos "atos macabros". A arma utilizada para ferir Ricardo foram ´cossocos´ (facas artesanais). Em seguida, arrastaram o corpo e o esconderam no forro das camas, ainda vivo. Por fim, eles o enforcaram e passaram a "cortar" o preso em pedaços.
Conforme a investigação da Polícia, os presos Antônio Edinaldo Soares de Oliveira, o ´Naldo´; e Francisco Charles da Silva Monteiro, foram os mentores da ação criminosa, que assustou até mesmo os policiais e agentes penitenciários. Os dois contaram com a ajuda de Francisco Fábio Silva de Oliveira; Wenio Tavares de Sousa; Tarcísio Pereira dos Santos Filho; Antônio Valdiano Rodrigues do Nascimento; Augusto César Maciel; e Francisco Erileudo de Oliveira Pereira.
O trabalho dos presos para esconder os restos mortais de Ricardo foi elaborado, segundo a investigação da Polícia Civil. O sangue do corpo de Ricardo, era dissolvido com sabão em pó, para evitar o mau cheiro. Alguns pedaços eram colocados nos restos de refeições diariamente. Outra parte, ia parar no esgoto e no telhado.
De acordo com o delegado, em determinados momentos, a direção da unidade teve problemas com o encanamento, possivelmente gerados pelo acúmulo de material jogado pelos presos, pelos vasos sanitários e ralos.
Para evitar problemas futuros, a Coordenação do Sistema Penal do Estado do Ceará (Cosipe) resolveu, transferir todos os acusados envolvidos e indiciados no crime, para outras unidades penitenciárias do Estado. Além dos crimes pelos quais já estão presos, eles agora vão responder por mais esse procedimento na Justiça.
PROTAGONISTA
Dívidas na prisão
Ricardo Rodrigues de Sousa, 32
Conhecido como ´Ricardo Pança´, foi recambiado de outras unidades prisionais por conta de divergências com detentos nesses lugares. Ao chegar à CPPL de Caucaia não foi diferente. Segundo as investigações da Polícia, dívidas com colegas de cela fizeram com que ele fosse hostilizado pelos demais. As brigas e discussões culminaram com a morte de Ricardo. Contudo, o que surpreendeu até mesmo a Polícia foi a forma como os detentos usaram para ´sumir´ com o corpo
EMERSON RODRIGUES REPÓRTER
Fonte: DN
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